Mitologias da Criação ao Redor do Mundo
Uma jornada pelos mitos antigos
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Na vastidão do tempo, os povos antigos se voltaram para as estrelas e questionaram a origem do mundo que pisavam. Em suas mitologias, encontraram respostas que transcenderam o véu da razão e revelaram a essência misteriosa da criação. Nessa jornada pelas mitologias da criação ao redor do mundo, convidamos você, caro leitor, a desvendar os enigmas e encantamentos dos mitos antigos.
Na busca por nossas origens surgiram diversos mitos da criação, no último artigo falamos sobre Adão e Eva. Agora vamos falar sobre três mitos diferentes, vejamos como surgiu o primeiro ser humano segundo os gregos.
Eurínome a deusa primordial
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No início dos tempos, Eurínome, a Deusa de Todas as Coisas, emergiu majestosamente do Caos primordial, envolta em sua nudez divina. Contudo, não encontrou solo estável para repousar seus pés divinos. Determinada a trazer ordem ao universo, ela realizou uma dança solitária sobre as ondas que se estendiam diante dela. A cada passo gracioso, um vento novo e desconhecido a seguia, como se anunciasse o começo de uma grandiosa empreitada.
Movendo-se com cada vez mais intensidade, Eurínome, imbuída de energia, canalizou esse vento norte, conhecido como Bóreas, entre suas mãos divinas. E assim, diante de seu toque, uma serpente de proporções imensuráveis surgiu: Ofíon, a grande serpente da criação. Num frenesi de movimentos, Eurínome dançava em busca de calor, enquanto Ofíon, empolgada, se entrelaçava em seus divinos membros com a intenção de unir-se a ela em um ato de procriação. Dessa união, o Vento Norte, Bóreas, fertilizou a deusa, dando origem a uma nova vida.
Em seguida, assumindo a forma de uma pomba, Eurínome depositou o Ovo Universal, incubando-o habilmente sobre as ondas tumultuosas. A seu comando, Ofíon envolveu o ovo sete vezes, completando o processo de incubação até que ele finalmente se partisse em dois. Foi então que todas as coisas que existem foram lançadas para fora dele, emergindo como os filhos do universo: o Sol, a Lua, os planetas, as estrelas, a Terra com suas majestosas montanhas e rios, suas exuberantes árvores e plantas, e todas as formas de vida.
A morada no monte Olimpo e o conflito pela criação
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Eurínome e Ofíon estabeleceram seu lar no topo do monte Olimpo, mas a serpente despertou a ira da deusa ao reivindicar a autoria do Universo. Num ato de poder divino, Eurínome esmagou a cabeça de Ofíon com o peso de seu calcanhar, arrancou-lhe os dentes e a exilou nas cavernas escuras abaixo da Terra.
Posteriormente, a deusa criou sete poderes planetários, atribuindo a cada um deles uma titânide e um titã: Teia e Hipérion para o Sol; Febe e Atlas para a Lua; Dione e Créos para o planeta Marte; Métis e Ceo para o planeta Mercúrio; Têmis e Eurimedonte para o planeta Júpiter; Tétis e Oceano para Vênus; Reia e Cronos para o planeta Saturno/ .
Pelasgo o primeiro Humano
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Por fim, o primeiro ser humano a surgir foi Pelasgo, o ancestral dos pelasgos. Ele emergiu das profundezas da Arcádia, trazendo consigo alguns outros seres. Pelasgo, em sua sabedoria ancestral, ensinou-lhes a arte de construir cabanas, alimentar-se dos frutos do carvalho e confeccionar túnicas de couro de porco, como aquelas que ainda são usadas pelos mais humildes na Eubeia e na Fócida.
O que é um mito afinal?
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Os mitos são histórias sagradas que permitem uma interpretação da realidade a partir da natureza humana e busca explicações em algo divino. Durante muito tempo foi uma espécie de conhecimento secreto protegido por guardiões como xamãs e sacerdotes, pessoas a quem haviam sido revelados os segredos da vida e por que não dizer também os segredos da morte.
Os mitos agem como metáforas e são altamente flexíveis, são versões em miniatura do cosmos ao nosso redor, nas palavras da antropóloga Maya Deren “”Os mitos são os fatos da mente manifestos em uma ficção sobre o assunto. ”
Continuemos, então, nossa jornada pelas mitologias da criação, explorando outras narrativas que permeiam a rica tapeçaria da humanidade, revelando-nos verdades ocultas e os mistérios primordiais.
Analise do Mito dos pelasgos
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Então a partir de agora você já percebeu que a gente vai entrar em um mundo vasto e cheio de formas de explicar a realidade que nos cerca a partir da imaginação e da inventividade humana ao longo do tempo. vamos descobrir diversas culturas e mundos completamente diferentes do nosso, ou como vocês irão perceber, talvez não tão diferente assim, voltemos ao mito da criação dos pelasgos.
No contexto desse sistema religioso arcaico, não existiam deuses nem sacerdotes, apenas uma deusa universal e suas sacerdotisas, sendo a mulher o sexo dominante e o homem uma figura assustada e submissa.
Nessa visão, a paternidade não era tão valorizada e a concepção da vida era atribuída a diferentes elementos, como o vento, a ingestão de feijão ou até mesmo a um acidente envolvendo algum inseto. Por mais estranho que pareça ser, a partir desse mito podemos perceber que a herança humana seguia uma linhagem matrilinear e as cobras eram consideradas encarnações dos mortos.
A deusa, associada à Lua visível, era chamada de Eurínome, que significa “vasta perambulação”. E agora é que vem um ponto interessante: essa deusa tem origem na suméria onde era chamada de Iahu, que posteriormente vai ser transferido para o nome do Deus monoteísta que é muito familiar a alguns de vocês, Jeová ou Yahwéh que ficará conhecido como o Criador.
Outra curiosidade é que , a pomba símbolo de Eurínome, foi o animal que Marduk, deus supremo babilônico, simbolicamente cortou em dois durante o Festival da Primavera, marcando a inauguração de uma nova ordem mundial. E que nova ordem mundial era essa? aguarde por que a origem do homem mesopotâmico vem logo em seguida.
A serpente
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Precisamos falar da serpente, pois ela estava presente no mito da criação bíblico também, se lembra dela?
Ofíon, também era conhecido como Bóreas, trata-se da serpente-demiurgo presente nos mitos hebraicos e egípcios e de certa forma coautora do universo no mito dos pelasgos. Na arte primitiva do Mediterrâneo, a deusa Eurínome frequentemente é retratada ao lado dessa serpente.
Os pelasgos, por sua vez, eram considerados filhos da terra, e há indícios de que poderiam ser o povo neolítico conhecido como “Mercadorias Pintadas”. Vindos da Palestina, eles chegaram à Grécia continental por volta de 3500 a.C. Setecentos anos depois, os primeiros helênicos, imigrantes provenientes da Ásia Menor e das Cíclades, encontraram os pelasgos estabelecidos no Peloponeso.
Heródoto o “pai da História” fez críticas severas à conduta dos pelasgos por sua postura considerada licenciosa, o que provavelmente se refere aos costumes pré-helênicos de orgias eróticas. Estrabão menciona que aqueles que viviam perto de Atenas eram conhecidos como “pelargi” (cegonhas), talvez em referência à ave-totem dos pelasgos. O que nos leva a pensar em outra história interessante de como os bebês chegam ao mundo não é mesmo. Você acreditava na cegonha hein?
Novas ciências e novas interpretações
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Como vimos no último artigo, o criacionismo bíblico foi predominante até o final do século XIX, mas com o avanço científico e a busca por comprovar os relatos bíblicos, os estudos sobre mitologia acabaram ganhando uma maior relevância no meio acadêmico.
Nesse meio acabaram surgindo novas ciências como a sociologia e a antropologia e nosso conhecimento sobre as culturas, formas de organização social e suas religiões acabou aumentando significativamente. Não será nossa proposta neste artigo debater a história das religiões por enquanto, mas tão somente apresentar alguns mitos da criação para podermos fazer algumas comparações entre aquilo que nos é mais familiar como o relato bíblico e conhecer relatos diferentes e ao mesmo tempo similares.
Uma aproximação interessante que pode ser feita entre o relato da criação dos pelasgos e a criação do homem bíblico é um trecho parecido em gênesis 3,15
“ Eu farei com que você e a mulher sejam inimigas uma da outra, e assim também serão inimigas a sua descendência e a descendência dela. Esta esmagará a sua cabeça, e você picará o calcanhar da descendência dela.”
Esse trecho é bem parecido com o relato de Eurínome esmagando a cabeça de Ofíon. Isso pode sugerir que esses povos antigos compartilhavam histórias e essas se modificavam com o tempo.
Nesse sentido é nessa busca incessante por respostas sobre a origem da humanidade dentro do livro sagrado que diversos estudiosos foram parar na Mesopotâmia, e se quisermos saber como foi que a deusa criadora passou a se tornar um deus criador talvez nossa resposta esteja lá.
Tiamat e Apsu
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Há muito tempo, nas antigas terras da Mesopotâmia, onde os rios Tigre e Eufrates fluíam majestosamente, um mito extraordinário surgiu para explicar o nascimento do universo e da humanidade. Era a época dos deuses primordiais, e a criação era regida por forças poderosas.
No princípio, havia apenas duas entidades supremas: Apsu e Tiamat. Apsu, o doce abismo das águas doces, e Tiamat, a profunda e salgada água do mar, representavam o caos e o mar primordial. Eles existiam em uma harmoniosa união, mas com o tempo, suas proles divinas se tornaram barulhentas e perturbadoras.
Entre os filhos de Apsu e Tiamat, estavam os deuses jovens, que ficaram conhecidos como os Anunnaki. Sua agitação começou a incomodar Apsu, que decidiu exterminá-los para restaurar a paz. No entanto, Mummu, o deus conselheiro de Apsu, alertou Tiamat sobre a terrível intenção de seu marido.
Profundamente magoada e furiosa com a traição de Apsu, Tiamat decidiu proteger seus filhos e assumir o controle da situação. Ela deu origem a monstros e demônios terríveis para enfrentar Apsu, mas acabou sendo bem-sucedida apenas com a ajuda do destemido Ea, o sábio deus da sabedoria e das águas subterrâneas.
Ea, usando suas habilidades astutas, encantou Apsu e o aprisionou enquanto ele dormia. Agora, com Apsu derrotado, Ea assumiu o controle e se tornou o senhor dos deuses, estabelecendo sua morada no Abzu, o reino subterrâneo.
A vingança de Tiamat
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Mas a história não termina aqui, pois Tiamat, vingativa e tomada pela ira, iniciou uma campanha para vingar Apsu e os deuses jovens. Ela deu à luz a uma legião de monstros terríveis, liderados por seu novo marido, Kingu, que agora possuía o temível Tablets of Destiny, os poderosos tabletes do destino que garantiam poder supremo.
O cenário estava pronto para uma batalha épica entre as forças divinas. Os deuses anciãos não eram páreos para Tiamat, mas um jovem deus, Marduk, filho de Ea, emergiu como um líder destemido e valente. Marduk se ofereceu para enfrentar Tiamat em nome dos deuses e assumir o Tablets of Destiny.
Marduk o criador dos homens
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Preparando-se para a batalha, Marduk convocou seus poderes divinos e montou uma gloriosa carruagem celestial, com armas divinas e ventos furiosos em seu encalço. Enquanto Tiamat avançava com seus monstros, Marduk empunhou sua lança com destreza e coragem.
A batalha foi feroz e implacável, mas com habilidade e astúcia, Marduk derrotou Tiamat, perfurando-a com sua lança e dividindo seu corpo em duas metades. Com a vitória, Marduk criou os céus com uma metade de Tiamat e a terra com a outra. Seus fluidos vitais formaram os rios Tigre e Eufrates, e seu olho se transformou no crescente da lua.
Para consolidar a vitória, Marduk despojou Kingu de seu poder e usou seu sangue para moldar a humanidade. Assim, os seres humanos foram criados a partir da essência dos próprios deuses e designados para servir e adorar os deuses no mundo que agora habitavam.
E assim, meus amigos, a mitologia mesopotâmica nos ensina sobre a coragem e a astúcia do deus Marduk, que enfrentou os desafios do caos para criar o universo e a humanidade. Essa narrativa mítica perdurou por séculos, lembrando-nos das origens da criação e da complexa relação entre os deuses e os homens na antiga Mesopotâmia. Correto?
Mas será que é só isso mesmo? vejamos.
Do matriarcado para o patriarcado: Uma hipótese
A narrativa do mito mesopotâmico de criação, que envolve a figura da deusa primordial Tiamat, nos permite refletir sobre a transição de uma sociedade matriarcal para uma sociedade patriarcal. Tiamat, como a representação do poder feminino e da ordem caótica primordial, personifica a influência matriarcal presente nos primórdios da humanidade.
Ao longo da história, vimos que algumas sociedades antigas possuíam estruturas sociais matriarcais, nas quais as mulheres desempenhavam um papel central na tomada de decisões, nas práticas religiosas e na transmissão de conhecimento ancestral. No entanto, com o passar do tempo, ocorreram mudanças significativas nas dinâmicas de poder, culminando na ascensão de estruturas patriarcais.
Essa transição pode ser interpretada de diferentes maneiras, dependendo das teorias e perspectivas adotadas. Alguns estudiosos argumentam que a mudança de uma sociedade matriarcal para uma patriarcal refletiu a emergência de um sistema de controle masculino, no qual os homens passaram a ocupar posições dominantes em diversas esferas da vida social. Essa transformação também pode ter sido influenciada por fatores como a prática da agricultura, a divisão do trabalho, a guerra e a formação de hierarquias sociais mais complexas.
É interessante observar que, à medida que ocorria a transição para uma sociedade patriarcal, a figura feminina primordial, personificada por Tiamat, muitas vezes era reinterpretada ou relegada a um papel secundário. O poder feminino, antes venerado, passou a ser diminuído ou associado a aspectos negativos, enquanto o poder masculino e a figura dos deuses masculinos ganharam maior destaque e centralidade.
No entanto, é importante ressaltar que a interpretação desses mitos e a análise das mudanças sociais não são conclusivas, pois há diferentes teorias e abordagens que podem oferecer insights distintos. A história humana é complexa e multifacetada, e as transformações nas estruturas sociais são influenciadas por uma variedade de fatores.
Ao examinar a transição de uma sociedade matriarcal para uma patriarcal, é essencial considerar as nuances culturais, os contextos históricos específicos e a interação entre fatores sociais, econômicos, políticos e religiosos. Essa reflexão nos convida a examinar criticamente as narrativas mitológicas, a fim de compreender melhor as dinâmicas sociais, os sistemas de crenças e as relações de poder que moldaram as sociedades ao longo do tempo.
Outra curiosidade é que Tiamat pode ter sido usada como referência para a criação do Leviatã que aparece nos livros de Jó e Isaías e que citam esse monstro com forma de serpente, dragão marinho ou em algumas culturas pode ser um polvo como o antigo Kraken. O leviatã ficará famoso também como nome de um livro do filósofo Inglês Thomas Hobbes, mas isso aí já é outra história que a gente chega lá quando for falar do século XVI beleza.
Bom, agora que já falamos de uma criação europeia e uma asiática, agora vamos partir direto para África, onde uma cultura bem conhecida do povo brasileiro também possui um mito da criação humana bastante interessante. Os Iorubás.
O mito de criação Iorubá
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No príncipio de tudo havia apenas o céu em cima, a água e o pântano abaixo. O deus chefe de todos os deuses era Olorum, ele era responsável por governar tudo que estava acima e a parte de baixo era território da deusa Olokum.
Mas eis que certo dia, Obatalá decidiu pedir permissão a Olorum para criar a terra seca, pois nessa terra poderiam ser criadas diversas criaturas.
Após a permissão de Olorum, Obatalá decidiu consultar-se com o deus da profecia Orunmilá e que era o filho mais velho de Olorum, para saber como deveria proceder na construção dessa terra seca. Então Orunmilá disse:
Obatalá para descer você deverá levar uma corrente de ouro longa o suficiente para chegar embaixo perto das águas; deverá levar também uma concha de caracol cheia de areia; Uma galinha branca; um gato preto e uma noz de palma. Junte tudo isso e carregue dentro de um saco.
A descida para a terra
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Todos os deuses se uniram para ajudar Obatalá em sua empreitada, após reunir tudo que precisava, ele fincou a corrente no céu e começou a descida. Quando estava perto do chão a corrente de ouro chegou ao fim, mas então ele ouviu a voz de Orunmilá que disse para ele derramar a areia da concha e soltar a galinha branca.
Assim que caiu a galinha começou a ciscar e ciscar, e por onde ela ciscou e jogou areia se tornou terra seca, alguns lugares viraram vales e outros colinas. Então Obatalá saltou sobre uma das colinas e nomeou o lugar de Ifé.
Na terra seca Obatalá plantou a noz de palma que logo cresceu e deu frutos, tornando aquela terra cada dia mais fértil. Mas sem companhia além do gato preto,ele logo se entediou e decidiu fazer novas criaturas semelhantes a ele. Passou a cavar e encontrou argila e assim começou a modelar novas criaturas.
A criação dos seres humanos
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Começou a trabalhar mas ficou logo cansado e decidiu fazer uma parada para recuperar-se. Então decidiu fazer um pouco de vinho de palma e bebeu uma cabaça, depois outra e outra. Sem perceber que já estava bêbado voltou ao trabalho e embriagado acabou fazendo algumas figuras imperfeitas. Sem perceber seu erro chamou Olorum para dar vida às novas criaturas.
No dia seguinte ao perceber o que havia feito Obatalá se encheu de tristeza e vergonha e jurou jamais beber novamente e a partir daquele momento ele seria o protetor de todas as pessoas deformadas e aqueles que possuem alguma doença.
Os seres humanos passaram então a prosperar em Ifé e todos os deuses faziam visitas a eles. Bom todos menos uma. Olokun, a deusa não gostou nada de dividir o seu reino abaixo do céu com Obatalá e as criaturas humanas, ainda mais pelo fato de Olorum não tê-la consultado antes de dar a permissão a Obatalá.
Olokum e a Inundação
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Então certo dia Obatalá decidiu fazer uma visita a sua casa no céu, nesse momento Olokun convocou as ondas dos vastos oceanos sob seu domínio e fez com que as águas inundassem toda a terra. Grande parte das pessoas foi morta, algumas fugiram para as colinas e conseguiram pedir ajuda ao orixá Exu que estava em visita a terra.
Exu exigiu que fosse feito um sacrifício a ele e a Obatalá e então ele voltou aos céus e comunicou os outros deuses sobre o ocorrido. Orunmilá ao saber da notícia, desceu pelas correntes e conseguiu espalhar alguns feitiços que fizeram com que as águas recuassem e a terra voltasse a secar.
Como punição, Olokum foi amarrada ao fundo do mar com a grande corrente de ouro que antes havia sido utilizada para descer a terra. O mar se tornou seu reino e ela vive em companhia de uma gigantesca serpente que coloca a cabeça para fora das águas em toda lua nova.
Interpretando os mitos
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A história da criação dos seres humanos pelos Iorubás suscita várias reflexões e traz consigo também algo bem familiar, como a inundação feita por Olokum que é muito semelhante ao relato bíblico e a deusa ser acorrentada no fundo do mar e conviver com uma serpente, outro tema recorrente.
Gostaria de deixar claro que todos esses mitos da criação aqui apresentados são apenas algumas versões e se formos nos aprofundar ainda mais em nossas pesquisas vamos chegar a variações dessas mesmas histórias. É preciso lembrar que durante muito tempo todas essas histórias foram contadas de geração em geração através da oralidade. Muita coisa foi transformada ao longo do caminho.
E nesse caminho de mitos da criação da história humana precisamos avançar para algo mais científico. Pois abordamos nesse artigo três mitos da criação dos seres humanos a partir de povos diferentes, com certeza teríamos uma infinidade de outros mitos de criação de outros povos e poderíamos contar essas histórias para todo o sempre enquanto existir humanidade.
Em breve vou preparar um conteúdo reunindo um grande número de mitos para quem se interessar tudo bem, e se vocês quiserem posso abrir uma seção só sobre mitos de criação. Mas precisamos descobrir, afinal depois de tantas histórias, como os seres humanos surgiram? Quais são as nossas origens?
Vamos descobrir juntos no próximo Artigo
Referências para saber mais:
Dalley, Stephanie. Myths from Mesopotamia: creation, the flood, Gilgamesh, and others. Oxford University Press, 1989. ( inglês)
Wilkinson, Philip. Mitos de Criação. Editora Publifolha, 1996.
Graves, Robert. Mitos Gregos. Editora Palas Athena, 2010.