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Oi eu sou o Douglas!

Sou professor de História desde 2017. Minha história com a educação começou a partir de uma curiosidade insaciável. Hoje quero compartilhar histórias para fazer do mundo um lugar melhor. Vamos juntos?

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As pessoas comuns também são sujeitos da história

A história tem lado?

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Será que a história possui um lado?

  • Que lado seria esse?
  • Quando você ouve falar de história o que vem a sua cabeça?
  • Um monte de datas para decorar?
  • Um monte de gente “importante” que já morreu?
  • “Grandes” acontecimentos que marcaram a história?
 

Como diria a Chiquinha, pra quê estudar história e ficar sabendo sobre um monte de gente que já morreu?

  • Por que Napoleão, Hitler, Júlio Cesar, Gengis Khan seriam mais importantes do que eu e você?
  • Será que são mesmo mais importantes?
  • O que torna uma pessoa importante?
  • Importante para quem?
 

A verdade é que durante muito tempo a história só se preocupava com esses tais “grandes” eventos ou “grandes” nomes e aqueles que realmente faziam a história acontecer ficavam esquecidos, não tinham voz para contar as suas próprias histórias.

Então acho que agora você já se ligou no lado da história. Se ainda não, gostaria de pensar que lado é esse a partir de Piratas do caribe: A maldição do Pérola Negra.

Jack Sparrow está preso e de repente eis que chega o navio fantasma, pérola negra, nesse momento um dos prisioneiros olha pro Jack e diz:

– Esse é o pérola Negra, as histórias dizem que onde ele âncora ninguém sobrevive.

Então Jack pergunta.

– Se ninguém sobrevive, então quem conta as histórias?

E aqui meus amigos é que está a questão. A história é contada por aqueles que sobrevivem. A história durante muito tempo foi contada apenas pelos vencedores, esquecendo assim daqueles que foram derrotados. Sem levar em conta muitas vezes todas as formas de resistência que existiram e existem até hoje.

 

Título Original: The Pirates of the Caribian: The Curse of the Pearl (2003) Diretor: Gore Verbinski.

Nesse ponto, dois autores foram fundamentais para a valorização das pessoas comuns na história. Marx (1818-1883) e Engels (1820-1895). Para eles o motor da história seria a luta de classes, durante diversos períodos históricos existiriam dois tipos de classes sempre em oposição uma à outra. De um lado a classe dominante e do outro a classe dominada.

Isso criou já no século XIX uma nova perspectiva para a compreensão da história a partir do povo comum. Colocando em oposição a história dos Reis e a história do povo.

História dos reis X história do povo

<a href=”https://br.freepik.com/vetores-gratis/design-colorido-rei-logotipo_905188.htm#query=rei&position=1&from_view=search&track=sph”>Imagem de ajipebriana</a> no Freepik

Pensando no motor da história como uma eterna luta entre a classe dominante e a classe dominada, apareceu uma nova camada da sociedade que antes ficava esquecida. Camponeses, escravizados e operários poderiam agora ter voz. 

A história ampliará seus horizontes, indo além da história oficial e dos estudos de reis e rainhas e valorizando as camadas sociais que compõem os reinos e nações e revelando o seu protagonismo na construção da história vista de “baixo”, uma história vista pela perspectiva das classes dominadas.

O privilégio das classes dominantes contarem a história agora chega também às classes dominadas. Agora talvez você esteja se perguntando o seguinte:

  • Será que existe mesmo esse negócio de luta de classes?
  • O que são classes dominantes e classes dominadas?
  • Isso ai tá parecendo coisa de comunista num é não?
 
Bom parece por que é mesmo, tudo isso faz parte do pensamento marxista que vai ser explicado melhor em algum outro artigo. Mas esse pensamento vai servir de base para o surgimento de uma escola muito importante para a história, A escola dos Annales.

Ampliando a noção de documentos: dando voz aos vencidos

Então voltemos ao começo:
Gengis Khan, Napoleão, Júlio Cesar ou a revolução francesa são mais importantes do que eu e você?

Não fique tentado a dizer que são porque não são. Eu e cada um de vocês somos mais importantes do que essas pessoas e acontecimentos a partir do momento que somos os protagonistas das nossas histórias, ninguém está aqui pra ser coadjuvante da história de outras pessoas. Então você é importante.

Durante grande parte da história e da forma como ela foi contada, pessoas como eu e vocês eram consideradas menos importantes, mas eis que surge algo como o Youtube por exemplo que permite que nós possamos ter voz, ficar calado de novo só que não.

Por isso a escola dos Annales criada na França em 1929 foi um marco importante também para a história, pois a partir daí a noção de documento histórico e suas fontes foram ampliadas. Agora não são apenas os documentos oficiais que são importantes, mas todo vestígio de humanidade é importante para compreender o passado e forjar um futuro melhor. 

Agora outros grupos sociais passam a ser mais valorizados, os vencidos também possuem voz, os historiadores podem fazer aquele Jutsu do Orochimaru do Naruto e passam a ressuscitar os mortos, aqueles que já se foram e não podem mais contar histórias também serão lembrados. Surgia a partir de então a história nova.

E assim como em 1929 surgia uma nova história, cada um de nós hoje também é chamado para fazer uma nova história, melhor do que a de ontem e com a responsabilidade de sermos os protagonistas nas transformações que nós queremos ver no mundo. Assim criamos nossos próprios marcos históricos.

Referências para saber mais:

FUNARI. Pedro, Paulo;SILVA. Glaydson, José. Teoria da História. São Paulo: Brasiliense,2008.

Vídeo aula:

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