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Oi eu sou o Douglas!

Sou professor de História desde 2017. Minha história com a educação começou a partir de uma curiosidade insaciável. Hoje quero compartilhar histórias para fazer do mundo um lugar melhor. Vamos juntos?

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A história em busca da verdade

Uma nova visão para a história.

Será que existe verdade na história ou é tudo uma grande Fake News?

Durante o século XIX a história e sua escrita era sempre baseada em um tipo de história oficial. Pensava em documentos oficiais e dizia revelar a verdade sobre os fatos. Se valorizava apenas fontes históricas escritas e não ia em busca de todos os vestígios que os seres humanos haviam deixado na face da terra. O historiador era como um juiz que utilizava os documentos para comprovar a verdade absoluta da história.

Mas será que existe uma história verdade?

Verdade absoluta X Interpretação sobre o passado.

Agora pare e pense… será que existem as tais verdades absolutas?

A busca da criação da história como ciência exigia dessa disciplina um caráter de verdade, afinal a ciência exige que exista um método que permita que possamos testar nossas teorias correto? 

Entretanto na busca por elevar o Status da ciência histórica muitos historiadores durante o século XIX vão buscar nas fontes escritas um tipo de comprovação do acontecimento dos fatos. Só que aí temos alguns probleminhas…

  • Quem produz os documentos escritos?
  • O que eles comprovam?
  • Quais documentos escritos são validos?
  • Por que alguns documentos são considerados falsos?
  • Cabe ao historiador ser um tipo de juiz da história?
  • Será que todos os juízes são imparciais? 
  • E se esse juiz tem os seus próprios interesses, da pra confiar nele?
A doação de Constantino

https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Constantine_York.jpg

Um excelente exemplo utilizado pelos historiadores é o documento da doação de Constantino. Mas quem é esse Constantino na fila do pão? 

Constantino foi um imperador romano que supostamente havia sido curado de lepra mesmo antes de se converter ao cristianismo pelo papa Silvestre no séc IV. Por isso ele teria feito uma doação de terras para a igreja Católica.

Entretanto ao analisar a forma de escrita da época do imperador Constantino no séc IV e a carta de sua  doação, em 1440 um filólogo italiano (filólogos estudam a linguagem em fontes históricas escritas) chamado Lorenzo Valla percebeu que aquele documento não poderia ter sido escrito no século IV, pois apresentava diversos termos linguísticos de tempos posteriores ao império de Constantino, além de se referir a cidade de Constantinopla como uma cidade cristã em um momento em que a cidade ainda não possuía essa característica.

Assim através de seus estudos linguísticos Lorenzo Valla trouxe uma grande contribuição para os historiadores, estabelecendo novas formas de análise de documentos. Então o documento da doação de Constantino utilizado pela igreja católica para obtenção de terras foi uma grande Fake News.

E você aí achando que Fake News era uma coisa do nosso tempo né?

Nessa busca por verdades absolutas os historiadores do século XIX utilizavam esse documento como exemplo de como a história deveria ser a grande defensora das verdades, revelando as mentiras históricas e trazendo à tona para a luz as grandes revelações, assim a história poderia compartilhar o Status de legitimidade das outras ciências.

Porém...

Surge uma nova perspectiva que nos leva a outras questões.

Será que existem verdades absolutas na história ou tudo é interpretação? E se tudo é intepretação como podemos confiar na história?

Uma outra corrente vai dar mais importância a história como uma interpretação sobre o passado. Assim os historiadores não são juízes que definem o que é verdadeiro ou falso, mas interpretam o que aconteceu no passado e o porquê de isso ter acontecido. Mas sempre vai estar pensando com a cabeça do presente, a partir do presente, com a linguagem do presente.

Podemos usar como exemplo a própria doação de Constantino, para a interpretação histórica não cabe ao historiador ser o juiz, mas interpretar o fato. Não adianta muito olhar para o documento e achar que ele vai te dar as repostas. Ele só pode responder aquilo que você perguntar. No caso da doação de Constantino podemos fazer algumas perguntas como por exemplo:

Por que a Igreja católica falsificou esse documento?

O que ela ganhava com essa falsificação?

Então é necessário interrogar o documento:

Historiador – E aí meu beleza, sabia que você é um falso?

Documento – Não acredito! Que horror

Historiador – É, mas você existe e na boa não importa muito se você é falso ou verdadeiro? O que eu quero saber é…

Historiador – Quem te criou? Por que te criou? O que você mudou quando foi criado?

E o interrogatório segue, muitas vezes não teremos as respostas que buscávamos, e novas questões irão surgir, levantando outras hipóteses.

Voltando para a doação de Constantino, percebemos que a doação acontece não no século IV, mas o documento é forjado provavelmente por volta do século IX, quando a igreja católica se torna uma instituição mais consistente e durante a passagem da alta idade média para baixa idade média. Assim o documento serve para legitimar a posse de terras da igreja e para reforçar o poder secular dos papas.

A interpretação da história sempre é algo muito complexo, afinal são muitos por quês. Mas hoje a história não se trata de ir em busca das verdades absolutas pois como veremos logo, logo, durante muito tempo a história teve lado, mas de que lado da história estamos falando ?

não perca no próximo artigo…

Referências para saber mais:

FUNARI. Pedro, Paulo;SILVA. Glaydson, José. Teoria da História. São Paulo: Brasiliense,2008.https://www.youtube.com/watch?v=k3tzK5yZkvU

Vídeo aula:

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